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Agregados Monetários – do M0 ao M4

Agregados Monetários

O que são Agregados Monetários?

Os agregados monetários são medidas que refletem diferentes níveis da quantidade de dinheiro em uma economia, cada um incorporando diferentes tipos de ativos líquidos. Eles são usados pelos bancos centrais e pelos analistas econômicos para entender a oferta de dinheiro em circulação e para formular políticas monetárias. Os agregados monetários utilizados no Brasil são M0 (também chamado de base monetária), M1, M2, M3 e M4.

Cada agregado monetário fornece uma perspectiva diferente sobre a quantidade de dinheiro em uma economia, desde os meios mais líquidos de pagamento até formas de dinheiro que são consideradas investimentos de curto prazo ou de fácil conversão em dinheiro. As autoridades monetárias monitoram esses agregados para avaliar as condições monetárias e financeiras e para formular políticas apropriadas que visem estabilizar a moeda e a economia.

O que é M0 (Base Monetária)?

A Base Monetária, também conhecida como M0 ou oferta de moeda de alta potência, consiste no total de moeda em circulação no público e as reservas que os bancos comerciais mantêm junto ao banco central. É um conceito fundamental na macroeconomia e na política monetária, pois representa a quantidade de dinheiro que está diretamente sob controle do banco central e serve como base para o controle da oferta monetária na economia.

A Base Monetária inclui:

1. Cédulas e moedas em circulação: Dinheiro físico que é utilizado por empresas e consumidores no dia a dia.
2. Reservas bancárias: Incluem as reservas compulsórias, que são as reservas mínimas que os bancos devem manter junto ao banco central, e as reservas excedentes, que são fundos adicionais que os bancos optam por manter além do mínimo exigido.

Cálculo da base monetária

A Base Monetária é calculada como a soma do dinheiro em circulação com as reservas totais dos bancos no banco central. Matematicamente, pode ser expressa como:

Base Monetária = Cédulas e moedas em circulação + Reservas Bancárias

Onde as Reservas Bancárias incluem:

Reservas Compulsórias: reservas que os bancos comerciais são obrigados a manter junto ao banco central ou outra autoridade reguladora. Essas reservas são uma fração dos depósitos dos clientes e são definidas pelas autoridades monetárias como parte das políticas monetárias de um país. As reservas compulsórias são uma ferramenta usada pelos bancos centrais para controlar a quantidade de dinheiro disponível na economia e influenciar as taxas de juros e a atividade econômica.

Reservas Excedentes: reservas mantidas pelos bancos comerciais além dos requisitos mínimos de reservas compulsórias definidos pelas autoridades reguladoras. Essas reservas são mantidas voluntariamente pelos bancos e podem ser utilizadas para atender a necessidades imprevistas de liquidez ou como uma precaução contra riscos financeiros. As reservas excedentes também podem ser usadas pelos bancos para emprestar dinheiro a outras instituições financeiras no mercado interbancário ou para investir em ativos financeiros. Ter reservas excedentes pode ser visto como uma medida de segurança financeira para os bancos comerciais.

Em algumas formulações, a Base Monetária também pode incluir outros passivos do banco central, como depósitos de instituições governamentais e outros depósitos em moeda nacional.

Base Monetária restrita e ampliada

Conforme o Banco Central do Brasil, a base monetária restrita é a soma do papel-moeda emitido (PME) com as reservas bancárias. As reservas bancárias incluem os depósitos compulsórios em espécie, não remunerados, incidentes sobre os depósitos à vista, mais as reservas livres. As reservas bancárias representam a “conta-corrente” das instituições financeiras no Banco Central, sendo um instrumento de liquidação necessário para que sejam efetuadas as transações monetárias entre a Autoridade Monetária e os demais agentes econômicos (sistema financeiro, governo e setor externo).

Por sua vez, a base monetária ampliada inclui: + Base monetária restrita ; + Recolhimentos compulsórios em espécie sobre depósitos a prazo e poupança; + Exigibilidades devido ao não direcionamento de recursos do SFN para crédito rural e imobiliário; + Títulos públicos federais em mercado, fora do Banco Central, adquiridos em operações definitivas e compromissadas*.
*Para fins de apuração do multiplicador em relação ao M4, foram excluídos da base ampliada os títulos públicos federais da carteira de não residentes.

O histórico da base monetária brasileira pode ser acessada diretamente no site do Banco Central neste link.

Composição do M1

• Dinheiro em circulação: Inclui todas as cédulas e moedas fora dos cofres dos bancos e do banco central.
• Depósitos à vista: Também conhecidos como depósitos em conta corrente, que podem ser sacados a qualquer momento sem restrições.

M1 é a medida mais estreita da oferta monetária, concentrando-se nos ativos mais líquidos.

Composição do M2

• Todos os componentes do M1: Dinheiro em circulação e depósitos à vista.
• Depósitos de poupança: Incluem contas de poupança e depósitos que, apesar de não serem tão líquidos quanto os depósitos à vista, ainda são facilmente acessíveis.
• Depósitos a prazo de pequeno valor: Conhecidos como certificados de depósito (CDs) de valor abaixo de um limite específico.

M2 é uma medida mais ampla que o M1, pois inclui ativos que são menos líquidos mas ainda assim relativamente acessíveis.

Composição do M3

• Todos os componentes do M2: Dinheiro em circulação, depósitos à vista, depósitos de poupança e depósitos a prazo de pequeno valor.
• Fundos de mercado monetário: Investimentos que são equivalentes a depósitos a prazo, mas geralmente oferecidos por instituições não bancárias.
• Depósitos a prazo de grande valor: CDs acima de um certo valor limiar.
• Outros depósitos de grande liquidez.

M3 inclui componentes menos líquidos que M2, representando uma visão ainda mais ampla da quantidade de dinheiro na economia.

Composição do M4

M4 não é uma medida padronizada internacionalmente como M1, M2 e M3, e pode variar significativamente de um país para outro. Em alguns casos, M4 inclui:

• Todos os componentes do M3: Incluindo dinheiro em circulação, depósitos à vista, depósitos de poupança, depósitos a prazo e fundos de mercado monetário.
• Títulos públicos negociáveis de curto prazo: Como letras do tesouro e outros papéis que são quase tão líquidos quanto o dinheiro em circulação.
• Outros ativos que podem ser rapidamente convertidos em dinheiro.

M4 é a medida mais ampla e inclui itens fora do setor bancário tradicional, oferecendo a visão mais abrangente da oferta de dinheiro na economia.

Multiplicador Bancário

O multiplicador bancário é um conceito central na teoria bancária e monetária, descrevendo como o depósito inicial em um banco pode levar à criação de uma quantidade maior de dinheiro no sistema bancário como um todo. Este fenômeno ocorre devido ao fato de que os bancos são obrigados a manter apenas uma fração dos depósitos como reservas, podendo emprestar o restante.

Funcionamento do Multiplicador Bancário:

1. Reservas Fracionárias: Quando os bancos recebem depósitos, eles mantêm uma parte como reserva (a taxa de reserva obrigatória definida pelo banco central) e emprestam o restante.
2. Empréstimos e Depósitos: O dinheiro emprestado eventualmente é depositado de volta no sistema bancário, seja pelo mesmo banco ou por outros bancos, aumentando o total de depósitos.
3. Ciclo de Empréstimos: Cada novo depósito que é feito permite mais empréstimos, criando um ciclo onde cada novo empréstimo cria um novo depósito e assim por diante.
4. Criação de Dinheiro: O efeito acumulativo desses empréstimos e depósitos é um aumento no total de dinheiro disponível na economia acima da quantidade inicial de dinheiro depositada.
Fórmula do Multiplicador Bancário:

A fórmula básica para o multiplicador bancário (M) é inversamente proporcional à taxa de reserva (R):

§§ M = 1/R §§

Como exemplo, se a taxa de reserva é de 10% (ou 0,1 em forma decimal), o multiplicador bancário é:

§§ M = 1/0,1 = 10 §§

Isso significa que para cada unidade de moeda mantida em reserva, até 10 unidades de moeda podem ser criadas no sistema bancário como um todo.

Todavia, na prática, o multiplicador bancário não é tão previsível ou linear, devido a fatores como:

Preferência de Liquidez: Nem todo dinheiro que é depositado será emprestado novamente; alguns podem ser mantidos como excesso de reservas ou retirados em espécie pelos clientes.
Condições Econômicas: Em tempos de incerteza econômica, tanto os bancos quanto os consumidores podem ser mais cautelosos, o que reduz o empréstimo e a circulação de dinheiro.
Política Monetária: As ações do banco central, como alterações nas taxas de juros ou nas taxas de reserva obrigatórias, podem influenciar o comportamento dos bancos e dos depositantes.

Portanto, embora o conceito de multiplicador bancário seja útil para entender como os bancos podem criar dinheiro, a quantidade real de dinheiro criada no sistema bancário pode variar com base em vários fatores econômicos e comportamentais.

Efeitos da Base Monetária na Economia

O controle da Base Monetária é uma das ferramentas que o banco central utiliza para influenciar a política monetária. Por exemplo, quando um banco central realiza operações de mercado aberto comprando títulos do governo, ele aumenta a Base Monetária, pois está injetando dinheiro na economia. Por outro lado, a venda de títulos retira dinheiro da economia e diminui a Base Monetária. Abaixo seguem os principais efeitos possíveis na economia do país:

5. Controle da Inflação: O banco central pode controlar a inflação ajustando a Base Monetária. Se há muita moeda em circulação em relação à produção de bens e serviços, isso pode causar inflação. Por outro lado, se há muito pouco dinheiro em circulação, isso pode levar à deflação. O banco central pode comprar ou vender títulos do governo para ajustar a quantidade de dinheiro no sistema bancário.
6. Influência nas Taxas de Juros: Mudanças na Base Monetária podem afetar as taxas de juros. Se o banco central aumenta a Base Monetária, isso geralmente reduz as taxas de juros, tornando o crédito mais barato e incentivando o empréstimo e os gastos. Se a Base Monetária é reduzida, as taxas de juros podem subir, tornando o crédito mais caro e desencorajando o empréstimo e o gasto.
7. Multiplicador Monetário: A Base Monetária é a fundação do multiplicador monetário, que é o processo pelo qual os bancos comerciais criam dinheiro através do empréstimo. Os bancos podem emprestar múltiplos do montante que mantêm em reservas, criando assim dinheiro novo. A quantidade total de dinheiro que o sistema bancário pode criar é influenciada pelo tamanho da Base Monetária e pela taxa de reserva compulsória.
8. Crescimento Econômico: Ajustes na Base Monetária podem ser usados para estimular o crescimento econômico. Por exemplo, durante uma recessão, um aumento na Base Monetária pode estimular o gasto e o investimento, o que pode ajudar a economia a se recuperar.
9. Estabilidade Financeira: O banco central pode usar sua capacidade de alterar a Base Monetária para fornecer liquidez ao sistema bancário em tempos de crise financeira, ajudando a prevenir o colapso do sistema financeiro.
10. Confiança do Mercado: A política do banco central em relação à Base Monetária pode influenciar a confiança do mercado. Políticas previsíveis e estáveis podem aumentar a confiança dos investidores, enquanto políticas erráticas ou inesperadas podem reduzir a confiança e aumentar a volatilidade do mercado.

O M1 ao M4 são ordenados por liquidez?

Não é correto afirmar que M1 ao M4 vão em ordem decrescente de liquidez. Na verdade, essas categorias representam diferentes agregados monetários que incluem diferentes tipos de ativos financeiros e seu grau de liquidez varia de acordo com a natureza dos ativos incluídos em cada categoria.

Portanto, a liquidez não é estritamente decrescente de M1 para M4. Embora M1 seja o mais líquido, os agregados monetários mais amplos (M2, M3 e M4) incluem ativos com diferentes graus de liquidez, dependendo da natureza específica dos ativos incluídos em cada categoria.

Para mais informações sobre agregados monetários, confira neste relatório do Banco Central do Brasil

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